Uma 20×25, em preto e branco, fosco. Ana olhava para aquele pedaço de papel com brilho nos olhos e um leve suspiro. Para qualquer pessoa, aquele retrato não significava absolutamente nada e tudo que poderia representar, se observado com a mínima empatia, era um afeto casual de namorados (como aqueles que se encontra em todas as esquinas e mesas de cafés).
Ela sabia, porém, que Cartier-Bresson previra o momento daquele retrato muito antes de ele acontecer, e que ele não era nada casual. Era o “momento decisivo”, aquele segundo antes do beijo, o silêncio absoluto antes de uma frase e a falta de ar diante do abismo. Sua importância era imensurável, e ela se sentia aliviada por ele também saber disso.