Copos D'água

Copos D'água

21 de outubro de 2013

Tuas pupilas

Não me culpe, se meus olhos parecerem distantes ou se suas mãos falharem em procurar as minhas, ao despertar. Eu tinha me feito uma promessa, mas mais uma vez, me surpreendi traindo a mim mesma..
Achava que havia descoberto a fórmula exata do equilíbrio, mas andei numa corda tão bamba nos últimos tempos, que meu trilho perdeu o foco e já não me parece tão visível.
Eu tinha entrado num acordo com o universo, de que ele me daria minhas próprias asas, e cada sopro de vida passaria ao meu lado como o vento passa pelas folhas, sem pretensões, sem ritos, nem apego. Foi meu o desengano, quando me vi tomada pelo sufoco e querendo te sugar pra dentro mim, como se isso fosse devolver por completo o ar dos meus pulmões. Que tropeço.. Eu achar que havia me encontrado dentro de ti é que me trouxe toda essa ruína.
Por tudo isso, por favor, não me culpe. É que eu preciso me alimentar de outros corpos e de mim mesma, pra eu conseguir sobreviver ao meu amor por você.

5 de março de 2013

Poeira.

Me entrego a ti por partes.. E sempre subitamente, partes tão pequenas, nos deslizes da nossa racionalidade. Quando me arrepia a espinha o som da tua voz, teu olhar que me despe e teu sorriso. Ah, teu sorriso! Como um sorriso tão doce e contido pode me rasgar dessa forma tão invasiva por dentro? Tua boca me atacando com as palavras mais suaves, e me dói, tanto.
_ Parece que o mundo vai explodir um dia, se eu finalmente te ter..
_ Que exploda, eu digo, que exploda. Em um trilhão de pedaços, que sejam tão ínfimos e se misturem pelo ar, nossos átomos rodopiando e entrelaçando o que eram pedaços das nossas pernas, o que restar das mãos, tuas mãos nos meus cabelos, e vamos poder dizer a plenos pulmões que por todo lado dançamos, enquanto o mundo acabava em poeira.