Copos D'água

Copos D'água

19 de abril de 2009

é o fim do dia.. é o fim.


Postado, um dia, num outro lugar.

Quero poder pelo menos ser objetiva comigo mesma, uma vez.
Cansei dessa mediocridade do mundo, das pessoas, das situações.. Na verdade são as pessoas que fazem as situações e o mundo serem desse jeito, então decidi focar nelas. Não é algo que eu esteja falando assim da boca pra fora, em algum momento de incredulidade com o mundo. O que parece é que ninguém faz questão de olhar as coisas de outro patamar. Todo mundo está tão acostumado com a vida que têm desde o nascimento e com esse mundo minúsculo que são ensinados a engolir desde que criam alguma interação com a sociedade, que deixam de considerar, racionalmente, o que é realmente viver, ou amar...
Vamos começar pelo 'amar'.
É até engraçado falar de amor nos dias de hoje...ou você soa brega, clichê e romântico demais, ou então cético em relação ao sentimento. Eu vou tentar fugir dessas duas concepções, mas não me culpo se me aproximar um pouco mais da segunda.. Bom, o ponto central é que o amor é completamente banalizado. Da forma mais vil que pode ser... Eu tenho certeza absoluta de que a grandessíssima maioria que diz amar, não tem nem noção do que é isso. Eu mesma só posso dizer que conheci o que é o amor, realmente, de uns tempos pra cá.. Não que meu amor por algumas das pessoas que passaram pela minha vida não existisse, mas eu simplesmente não compreendia realmente o que era esse sentimento, e muito menos sabia lidar com ele. Além disso, percebi que uma grande maioria das pessoas que eu pensei amar, não tinham na verdade esse sentimento vindo de mim. Sim, me equivoquei, confundi sentimentos e tornei de um grande apreço, amor (o que não quer dizer que a sinceridade não existia, aí). Dessa forma, digo que as pessoas não sabem o que é amor, não sabem amar e não sabem ser amadas. Partindo da premissa de que se é amor, é incondicional, não podem existir joguinhos, egoísmo, mentiras ou falta de sinceridade que permeiem esse amor.. Não se ama alguém com uma parte do coração ou apenas por uma metade de dia. Mas o que eu vejo por aí são tantos que dizem amar, só dizem... e não sabem que, na verdade, são completamente vazios. Eles se enganam, mas não sabem disso.. E o que os falta é o amor. Próprio. É a compreensão de si mesmos, do mundo.. Não se pode amar alguém antes que essa compreensão seja atingida porque senão o dito 'amor' se torna algo como "eu preciso amar, para ser completo" tornando, desse jeito, o amor uma farsa. Sem falar no que isso acarreta, como as inúmeras armadilhas que o ser humano criou para colocar ao lado do 'amor', como a possessão, a obssessão..
Dói pensar assim..eu mesma quando dei-me conta disso, percebi que algumas pessoas recorrentes à minha vida não me amavam, verdadeiramente, e que o que elas queriam era simplesmente alguém para amá-las, já que elas mesmas não se amavam. Algumas atitudes sempre predizem o engano, mas é algo que todos escolhem não enxergar, por preferirem viver no mundo de mentiras a que somos condicionados.. São as amarras que nos prendem à zona de conforto (e que eu, graças a mim mesma e não à qualquer outro ser superior, estou me livrando). Bom, agora entra o 'viver', já introduzido pelo contexto das amarras.
Algo importante é compreender que as pessoas não vivem...o que elas fazem é deitar e se deixar levar pela inércia intrínseca à vida em sociedade. Nascem.. crescem.. acham que amam, que odeiam, que são felizes, que lêem, que entendem, que têm orgasmos, que se preocupam, que são completas..trabalham que nem coitadas para ganhar dinheiro e tentar conseguir mais amor e mais orgasmos pra se preencher, mas não conseguem.. e morrem. E tudo isso porque passam a vida inteira almejando alcançar tudo para si mesmas, sem sequer olhar para o lado e ver o que se passa do lado de fora da janela. As pessoas não entendem o quão inútil é viver nessa ilusão, e que não adianta se auto-manipular. Mudar de acordo com o ato e o cenário, e de acordo com os outros protagonistas.. Elas levam a cabo o verbo 'estar' e não o verbo 'ser', como deveriam..
Além disso, não pensam sozinhas... pensam de acordo com o que acham que os outros pensam, fazendo com que o pensar e o não-pensar tenham, assim, o mesmo impacto. Só enxergam as coisas que estão à frente do nariz, e vivem então, nesse mundo minúsculo onde os olhos alcançam. Elas também não ouvem música ou palavras, só ruídos. E não vêem a beleza profunda das coisas, só suas formas mais superficiais. Enfim, elas me cansam.. e se cansam também, delas mesmas. A vida então, nunca é vivida plenamente, já que o que todos vivem são tentativas de viver.
Não quero que isso tudo pareça pessimismo, já que os pessimistas também nunca se entregarão à vida, devido à negatividade que carregam consigo (apesar de ainda serem capazes de pensar um pouco mais por si sós do que o resto), e nem um otimismo exacerbado, até porque todo grande otimista é ingênuo, mas sim, como uma tentativa de alcançar o equilíbrio da existência. E é exatamente com isso que queria terminar essa divagação.. o equilíbrio. O único que pode fazer o ser humano atingir a compreensão da vida, e a vida em si, plenamente.