Copos D'água

Copos D'água

6 de abril de 2010

O fim mal anunciado.

Era um daqueles momentos em que a gente se pega olhando pro pêndulo do relógio... Cada ida consegue parecer infinita, e cada volta que se arrasta, intensiva essa sensação..
Não sei se a culpa era do relógio em si, com seu movimento intermitente, ou se era eu, que a cada impulso me perdia em mim mesma, e fazia com que os segundos fossem eternos.. Mas nessas indas-e-vindas, me peguei a pensar sobre o tempo, e sobre a morte. A morte do sentimento, das memórias, e de tudo que de alguma forma se relaciona com os grãos que já caíram, numa ampulheta. A morte da essência, não-física, e não-visível, daquelas que a única coisa que se consegue fazer é sentir.
Tirei então, mil anos da minha vida pra pensar na morte, e consegui iluminar um ponto (o que de fato não poderia ter sido feito, já que a morte nasceu pra ser completa escuridão).
Aquele ponto era concentrado numa pena dançante, que flutuava no vácuo da essência, sem música, nem qualquer outro som. Aquela pena me desafiava, como se eu precisasse rasgá-la em ínfimas partes, para que eu pudesse finalmente a desvendar, e desvendar a verdade da vida.. mas ao mesmo tempo ela me confortava, como que dizendo que a verdade era tão simples como o seu balançar.. sem vento, sem as intempéries do destino. Ela me dizia com o mais barulhento silêncio, que era só daquela quietude aniquilante de que eu era feita, e que minha gana de destruição interna e externa eram, na verdade, a mais pura paz. Me mostrou que os mais verdadeiros e intensos sentimentos partem de um lugar puro, pleno, e transparente.. longe do ego ou do pensamento. E que a morte de fato não existe.. já que o feixe de luz pode sempre iluminar o caminho por onde veio.
Ambígua assim, e simples assim.