Copos D'água

Copos D'água

11 de outubro de 2008

Em êxtase, te mantenho presente em pensamentos. Em meio ao desatino, te espio dormindo, me envolvo nos seus sonhos e, de tão inebriada com o seu perfume, me faço tonta...perdida em meio à desejos loucos, sambando sempre de um caminho à outro. Me visto de desentendida quando percebo que o toque dos seus lábios já não é mais o mesmo, ou que sua mão já não procura a minha. Esse tato falho que eu tanto almejo, que imagino quando fecho os olhos, que sinto com a brisa quente que passa, arrepiando o âmago, entorpecendo. Seu 'mal-me-quer' é como falsa brincadeira, que de tão inocente, se faz irremediável verdade. Se me engano e finjo que há de florescer, faço a extensão daquilo que eu queria que fosse, e exatamente aquilo que sei a terra não vai me dar. Uma flor murcha não há de reviver, e ela se torna simplesmente uma não-flor. É 'não-flor' pois nela não há beleza, e sendo assim não lhe cabe a admiração digna que faz das flores, flores. Mas é apenas 'quase' pois o fio de esperança que existe para que ela renasça se torna uma espécie de admiração, sincera, mas não por ela em si, e sim pela flor que ali haveria de existir. E é essa flor, que um dia tão vistosa dormindo na sua lapela, se despedaçou, enquanto, em prantos, se desfazia também o amor.