Copos D'água

Copos D'água

18 de março de 2009

Se algum dia me perguntassem como era a vista do alto da montanha, eu diria assim: Se faz das copas das árvores.. um ou outro pássaro passam à vista de mim. De longe vejo o rio, um pasto...coberto de verde como uma manta. E o horizonte durante o pôr do Sol, fica de um azul escuro e laranja. Mas logo se faz noite e já não se vê nada.. Aí acaba. Se eu me atrever a olhar mais atentamente, corro o risco de perder o equilíbrio, e cair num vale onde o fim não chega aos olhos da gente. Até me dá vontade, às vezes, de saber o que tem bem no fundo, se me jogar daqui fosse própício. Eu posso passar noites imaginando o que eu encontraria quando chegasse no escuro desse precipício...se eu cairia na copa de alguma árvore e logo me espatifaria no chão ou se eu mergulharia num rio de profundo tão, que pros lados de lá da montanha fosse o acaso levar, bem pra trás daquelas três orquídeas brancas que delimitam o meu enxergar. Mas sempre que penso nisso até dou um passo pra trás, de tanta vertigem que dá só o fato de imaginar. Não que eu não goste mais daqui do alto, é que cansei desse mesmo lugar... das ervas daninhas que sobem as paredes da casa, do eco que faz o vento passar. O som dos bichos roendo a madeira, a falta de luz do céu a chegar... Incomoda isso tudo, mas o que mais tenho a reclamar é o frio que encobre as noites de Lua, fazendo de gelo o pulmão...e a solidão.