Copos D'água

Copos D'água

30 de novembro de 2009

Arrancou daqui um pedaço.. deixou o nó na garganta do que se foi, sem um dia ter sido completo.. Deixou de ser o que não havia ainda se tornado, e arrancou à força a vontade, a esperança, os planos, os desejos..
Vi correr o relógio e passar a vida, as pessoas. Foi quando você também passou... rasgando-me com o seu "ir embora", fazendo meu corpo desfalecer e o espírito se apagar. Sem olhar pra trás, me largou com o sufocamento.. a insuportável falta de ar.

Só te peço que nunca me lembre do futuro.. dos tijolos e da maldita cerca branca. Das máquinas fotográficas, dos microfones, do mundo, da areia.. dos vinis, das músicas (das nossas, e de todas as outras que virão me recordar de ti).
Não quero mais saber dos teus olhos vermelhos de ódio... e das lágrimas, que insiste em dizer que fui eu quem as deixei cair (as lágrimas que, com tanto cuidado, tentei secar com os mais puros beijos e acalentos que vinham do âmago).
Prefiro ser cega quando você tocar em outras mãos e quando carregar no peito o horizonte de uma vida sem mim.
Queria poder escolher o não-sentir. E o não-sentir de ti por mim, também.

Tantos copos d'água não são suficientes pra acalmar a alma..

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