Postado, um dia, num outro lugar.
Quero poder pelo
menos ser objetiva comigo mesma, uma vez.
Cansei dessa mediocridade do mundo, das
pessoas, das situações.. Na verdade são as pessoas que fazem as situações e o
mundo serem desse jeito, então decidi focar nelas. Não é algo que eu esteja
falando assim da boca pra fora, em algum momento de incredulidade com o mundo. O que parece é que ninguém faz questão de olhar as coisas de outro
patamar. Todo mundo está tão acostumado com a vida que têm desde o nascimento e com esse mundo minúsculo que são ensinados a engolir desde que criam alguma interação com a sociedade, que deixam de
considerar, racionalmente, o que é realmente viver, ou amar...
Vamos começar
pelo 'amar'.
É até engraçado falar de amor nos dias de hoje...ou você soa
brega, clichê e romântico demais, ou então cético em relação ao sentimento. Eu
vou tentar fugir dessas duas concepções, mas não me culpo se me aproximar um
pouco mais da segunda.. Bom, o ponto central é que o amor é completamente
banalizado. Da forma mais vil que pode ser... Eu tenho certeza absoluta de
que a grandessíssima maioria que diz amar, não tem nem noção do que é isso. Eu
mesma só posso dizer que conheci o que é o amor, realmente, de uns tempos pra
cá.. Não que meu amor por algumas das pessoas que passaram pela minha vida não
existisse, mas eu simplesmente não compreendia realmente o que era esse
sentimento, e muito menos sabia lidar com ele. Além disso, percebi que uma
grande maioria das pessoas que eu pensei amar, não tinham na verdade esse
sentimento vindo de mim. Sim, me equivoquei, confundi sentimentos e tornei de
um grande apreço, amor (o que não quer dizer que a sinceridade não existia, aí). Dessa forma, digo que as pessoas não sabem o que é amor, não sabem
amar e não sabem ser amadas. Partindo da premissa de que se é amor, é incondicional, não podem existir joguinhos, egoísmo, mentiras ou falta de sinceridade que permeiem esse amor.. Não se ama alguém com uma parte do coração ou apenas por uma metade de dia. Mas o que eu vejo por aí são tantos que dizem amar, só dizem... e não sabem
que, na verdade, são completamente vazios. Eles se enganam, mas não sabem
disso.. E o que os falta é o amor. Próprio. É a compreensão de si mesmos, do
mundo.. Não se pode amar alguém antes que essa compreensão seja atingida porque
senão o dito 'amor' se torna algo como "eu preciso amar, para ser
completo" tornando, desse jeito, o amor uma farsa. Sem falar no que isso
acarreta, como as inúmeras armadilhas que o ser humano criou para colocar ao
lado do 'amor', como a possessão, a obssessão..
Dói pensar assim..eu mesma
quando dei-me conta disso, percebi que algumas pessoas recorrentes à minha vida
não me amavam, verdadeiramente, e que o que elas queriam era simplesmente
alguém para amá-las, já que elas mesmas não se amavam. Algumas atitudes sempre predizem o engano, mas é algo que todos escolhem não enxergar, por
preferirem viver no mundo de mentiras a que somos condicionados.. São as amarras
que nos prendem à zona de conforto (e que eu, graças a mim mesma e não à
qualquer outro ser superior, estou me livrando). Bom, agora entra o 'viver', já
introduzido pelo contexto das amarras.
Algo importante é compreender que as pessoas não
vivem...o que elas fazem é deitar e se deixar levar pela inércia intrínseca à
vida em sociedade. Nascem.. crescem.. acham que amam, que odeiam, que são
felizes, que lêem, que entendem, que têm orgasmos, que se preocupam, que são
completas..trabalham que nem coitadas para ganhar dinheiro e tentar conseguir
mais amor e mais orgasmos pra se preencher, mas não conseguem.. e morrem. E tudo isso
porque passam a vida inteira almejando alcançar tudo para si mesmas, sem sequer
olhar para o lado e ver o que se passa do lado de fora da janela. As pessoas não entendem o quão inútil é viver nessa ilusão, e que não adianta se auto-manipular. Mudar de
acordo com o ato e o cenário, e de acordo com os outros protagonistas.. Elas levam a cabo o verbo 'estar' e não o verbo 'ser', como deveriam..
Além disso, não pensam sozinhas... pensam de acordo com o que acham
que os outros pensam, fazendo com que o pensar e o não-pensar tenham, assim, o
mesmo impacto. Só enxergam as
coisas que estão à frente do nariz, e vivem então, nesse mundo minúsculo onde
os olhos alcançam. Elas também não ouvem música ou palavras, só
ruídos. E não vêem a beleza profunda das coisas, só suas formas mais
superficiais.
Enfim, elas me cansam.. e se cansam também, delas mesmas. A vida então,
nunca é vivida plenamente, já que o que todos vivem são tentativas de viver.
Não quero que isso tudo pareça pessimismo, já que os
pessimistas também nunca se entregarão à vida, devido à negatividade que carregam
consigo (apesar de ainda serem capazes de pensar um pouco mais por si sós do que o
resto), e nem um otimismo exacerbado, até porque todo grande
otimista é ingênuo, mas sim, como uma tentativa de alcançar o equilíbrio da
existência. E é exatamente com isso que queria terminar essa divagação.. o
equilíbrio. O único que pode fazer o ser humano atingir a compreensão da vida,
e a vida em si, plenamente.