Em êxtase, te mantenho presente em pensamentos. Em meio ao desatino, te espio dormindo, me envolvo nos seus sonhos e, de tão inebriada com o seu perfume, me faço tonta...perdida em meio à desejos loucos, sambando sempre de um caminho à outro. Me visto de desentendida quando percebo que o toque dos seus lábios já não é mais o mesmo, ou que sua mão já não procura a minha. Esse tato falho que eu tanto almejo, que imagino quando fecho os olhos, que sinto com a brisa quente que passa, arrepiando o âmago, entorpecendo. Seu 'mal-me-quer' é como falsa brincadeira, que de tão inocente, se faz irremediável verdade. Se me engano e finjo que há de florescer, faço a extensão daquilo que eu queria que fosse, e exatamente aquilo que sei a terra não vai me dar. Uma flor murcha não há de reviver, e ela se torna simplesmente uma não-flor. É 'não-flor' pois nela não há beleza, e sendo assim não lhe cabe a admiração digna que faz das flores, flores. Mas é apenas 'quase' pois o fio de esperança que existe para que ela renasça se torna uma espécie de admiração, sincera, mas não por ela em si, e sim pela flor que ali haveria de existir. E é essa flor, que um dia tão vistosa dormindo na sua lapela, se despedaçou, enquanto, em prantos, se desfazia também o amor.
11 de outubro de 2008
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